Um excelente resumo via Blog do Coach sobre a crise CBDA x FINA, apenas relatando fatos.
A carta da FINA não fala nada de suspensão, apenas diz que não reconhecerá a eleição de hoje, mas está baseada exclusivamente em seu código e constituição.
Confira as 4 partes:
- Entendendo a crise CBDA X FINA – Parte 1 FINA
- Entendendo a crise CBDA X FINA – Parte 2 CBDA
- Entendendo a crise CBDA X FINA – Parte 3 As eleições
- Entendendo a crise CBDA X FINA – Parte 4 Os caminhos para sair desta
Reprodução dos 4 textos na íntegra:
Uma nota simples, direta e objetiva. Assinada por Cornel Marculescu, diretor executivo da FINA, chegou a CBDA no dia de hoje e diz textualmente:
“Estamos enviando esta mensagem relacionada a nossa correspondência do dia 26 de maio e gostaríamos de reconfirmar a decisão de não reconhecer os resultados das eleições marcadas par ao dia 9 de junho pelo fato de desrespeitarem o Estatuto da CBDA e as regras da FINA”.
A FINA não fez nenhum absurdo, apenas cumpriu as regras. Entidades esportivas a nível internacional precisam respeitar as regras do esporte. A CBDA não solicitou o chamado observador internacional para acompanhar todo o processo que se instaurou na entidade desde março e agora sofre as consequências.
Importante destacar alguns aspectos relacionados a carta da FINA:
- Não há qualquer suspensão ou expulsão embora vários jornais e sites publicaram. É um comunicado de que os resultados das eleições não serão aceitos.
- A CBDA está sob intervenção judicial com a indicação de um administrador provisório Gustavo Licks desde o dia 22 de março. Em tese, desde então, o Estatuto da CBDA não estaria sendo respeitado. A FINA não se manifestou em nenhum momento sobre isso.
- A FINA também não se manifestou pela prisão dos dirigentes da CBDA, dois deles, Coaracy Nunes é integrante do Bureau da FINA, Ricardo de Moura faz parte do Comitê Técnico de Natação. Ambos são passíveis de expulsão da entidade pelo Código de Ética da FINA.
- Provavelmente, a FINA aguardava por um momento mais adequado para um posicionamento. Há três semanas, durante uma reunião da entidade em Bangkok, na Tailândia, Dale Neuberger, vice presidente das Américas chegou a ser indicado para vir ao Brasil identificar e fazer uma melhor análise da crise da CBDA. Posteriormente, a FINA decidiu revogar a indicação do dirigente aguardando os acontecimentos.
Duas regras da Constituição da FINA estão sendo infringidas na crise da CBDA:
Bylaw 14 – Que fala sobre a autonomia das Federações Nacionais
Constituição 8.2.6 – Que determina que o processo nas entidades deve ser feito sem a interferência externa.
Diretor executivo da CBDA Ricardo Prado foi quem falou em nome da entidade na abertura da mesa redonda na tarde desta quinta-feira sobre o caso. O ex-medalhista olímpico indicou surpresa com a nota da FINA, mostrou preocupação, mas indicou que é um problema a ser tratado pela nova diretoria confirmando a realização das eleições para esta sexta-feira.
Algumas notas na posição da CBDA:
- Gustavo Licks, administrador provisório da entidade, é identificado pela carta da FINA com o cargo indicado pela justiça na intervenção que a CBDA sofre desde 22 de março. Seguindo o Estatuto, a intervenção já seria uma quebra do mesmo, mas a FINA chega até mencionar a posição de Licks na entidade na carta “provisional administrator”.
- Gustavo Licks indicou na sua defesa que todo o procedimento com relação as eleições, registro de chapas, determinação do colégio eleitoral, checagem dos votantes, foi todo observado e determinado pela decisão judicial.
- A intenção da entidade é a realização das eleições e que a próxima diretoria seja responsável por resolver tal pendência com a FINA.
- Desde março, segundo a CBDA, em nenhum momento a FINA solicitou informações ou fez contato a despeito de todo este processo, bem como o afastamento e a prisão da diretoria anterior.
Eleições acontecerão como previsto nesta sexta-feira as 14 horas, no Rio de Janeiro.
O encontro que tivemos na CBDA na tarde desta quinta-feira foi histórico. Os três candidatos a presidência da entidade deram um show de educação, gentileza e principalmente consciência. Jefferson Borges, Cyro Delgado e Miguel Cagnoni falaram por mais de duas horas expressando seus programas, seus planos, responderam perguntas e encaminharam seus projetos.
Uma das tônicas do encontro, foi a oportunidade única que vivenciamos. A discussão foi isenta de animosidade e a conclusão foi de que o esporte aquático saiu fortalecido. A confirmação das eleições para esta sexta-feira apenas ratificou o bom nível de tudo que se falou e a perspectiva de um futuro melhor.
“Já perdemos muito tempo, e não podemos perder mais” disse um dos candidatos.
Notas dos três candidatos na mesa redonda:
- Cyro Delgado repetiu o que tem sido um de seus lemas de campanha. Valorização e mais espaço para os atletas, mas também citou treinadores, clubes e diz que é a favor de uma eleição no padrão Diretas Já.
- Todos são a favor da participação dos clubes no colégio eleitoral, apenas Jefferson Borges citou que o processo não foi adequado para esta eleição.
- Borges também questionou a aplicabilidade da Lei Pelé aos esportes aquáticos.
- Miguel Cagnoni foi o único que se manifestou a favor da Liga de Polo Aquático, circuito que vem sendo disputado há mais de um ano.
- Cagnoni voltou a falar do seu projeto de “crianças na água” destacando que pretende incrementar a base do esporte aquático no país.
- Jefferson Borges citou que existia um abismo muito grande na participação dos atletas e a execução dos projetos na entidade. É a favor da presença inclusive de ex-atletas na comissão.
- Miguel Cagnoni vê com simpatia a modalidade do high diving no Brasil, já Cyro Delgado tem receio pela questão de segurança.
- Jefferson Borges quer levar para todas as federações estaduais as cinco modalidades aquáticas.
- Cyro Delgado quer trazer a natação paralímpica para dentro da CBDA.
- Delgado esteve no Troféu Brasil de Saltos e diz que saiu decepcionado com o que viu, poucos atletas.
- Jefferson Borges mencionou a realização das assembleias gerais no ano anterior, e não mais em março prejudicando a preparação do calendário.
- Miguel Cagnoni vê com bons olhos a auditoria independente da entidade, mas ressalta a origem dos recursos pode determinar que processo de escolha irá apontar a empresa vencedora.
- Todos se manifestaram positivamente para a realização das eleições nesta sexta-feira.
O assunto é sério, seríssimo, mas não é o fim do mundo. Atletas de todos os esportes aquáticos do Brasil vão estar em Budapeste. Natação, polo aquático, nado sincronizado, saltos ornamentais e maratonas aquáticas, todos estarão no Mundial. Todos, independente desta crise, terão direito a competir, subir ao pódio, ganhar suas medalhas (tomara!).
O resultado das eleições rejeitado pode determinar uma participação sem representatividade. Ou seja, ao invés do nome Brasil, iríamos competir pela FINA, com a bandeira da FINA e em caso de hino, o hino da FINA.
Neste aspecto algumas notas importantes a respeito:
- A FINA tem 208 federações nacionais filiadas, é a terceira do mundo, atrás apenas do atletismo com 214 e da FIFA com 211. Apenas uma federação está suspensa, Kuwait.
- O Kuwait tem um sistema onde o governo aprovou uma lei que impõe controle sobre todas as regras de prática, disputa e organização do esporte no país. Desde o início da suspensão em 2015, o país não fez qualquer esforço ou mudança para corrigir o que determina as regras da FINA e das outras federações internacionais de esporte.
- O Brasil é um filiado importantíssimo para a FINA, estamos em plena disputa eleitoral e a entidade tem o maior interesse que tudo isso seja resolvido.
- Com a eleição a ser realizada nesta sexta-feira, um movimento combinado e de esforços conjuntos resolverá estas pendências.
- Os três candidatos que concorrem ao pleito devem assinar um documento e até mesmo a ata das eleições reconhecendo que todo o processo está sendo feito sob lisura, sem viés e de forma legítima.
- Manifestação de atletas concordando e assinando termos de todo este processo, junto com a anuência expressa do Comitê Olímpico do Brasil e do Ministério do Esporte expressados de forma oficial seriam determinante para uma posição positiva da FINA.
- A FINA precisa ser informada de todo o processo, dos motivos que levaram a intervenção judicial na entidade, as acusações e consequências das prisões dos antigos dirigentes, e dos problemas de corrupção e lavagem de dinheiro. Uma atualização de todo este processo faria a entidade entender e justificar tudo o que foi feito nestes últimos três meses.
- O calendário está a favor do Brasil. Teremos congresso e assembleia geral da entidade em Budapeste, antes do Mundial. O Brasil precisa apresentar um plano que convença os dirigentes justificando as medidas tomadas e principalmente se comprometendo a uma reforma de estatuto da entidade.
- A FINA não puniu o Brasil, não há qualquer suspensão em andamento, apenas uma determinação de que o processo seja cumprido com o que determina a regra do esporte.